sábado, 4 de dezembro de 2010

Um processo sobre outro processo...

Esta página condensa parte do processo de investigação e criação, em andamento, do programa de pós-graduação da Unicamp (2010/2012), tendo como tema central o labirinto como metáfora do conhecimento de si e do mundo, em diálogo com os demais temas pesquisados na Unicamp. Todos os textos, documentários, vídeos, fotografias, audios, fotomontagens, etc; são de minha autoria, excepto se houver indicação em contrário





Conversações: do dizível ao indizível


                                                                                    As únicas coisas que podemos perceber 
                                                                                                 são nossas próprias percepções
                                                                                                                          George Berkley 

 Ato 1. 

 A possibilidade é continua.

 A disciplina a qual me inscrevi para cursar este semestre, faz parte do programa de Pós-graduação em Multimeios da Unicamp. A disciplina tem como tema Multimeios e Teoria do Cinema "O universo das imagens técnicas. Elogio da Superficialidade, ministrada por Ernesto Boccara com a participação de Rosa Cohen, onde a proposta de abordagem dos conteúdos estudados tem como foco a investigação das ideias do filósofo Villém Flusser (1920-1991) a investigação é um mergulho em seus objetos de interesse ao longo de sua vida reflexiva: a imagem, a mídia, os aparatos e o próprio processo de comunicação.
 Um dos pontos que chama a atenção no pensamento de Flusser é a facilidade como expões níveis de profundidade de um pensamento em camadas situando às imagens técnicas e os seus aparelhos que a sustentam e as difundem no centro nervoso da existência humana no caótico cotidiano.

 Após ler a ementa da disciplina, me interessei e me inscrevi na mesma, tendo a aprovação para cursar como aluno especial. No dia 2 de agosto após passar em parte pela burocracia acadêmica, fui surpreendido pela DAC (Diretoria acadêmica) os mesmo que me informaram que eu tinha me inscrito em uma disciplina que já havia cursado semestres passados (2011). Segundo a DAC eu teria condições de cursar a mesma disciplina, ou o mesmo código, mas iria constar como rematrícula. Isto causaria no plano acadêmico a anulação de uma disciplina cursada em 2011, a qual seu conteúdo é completamente oposto a esta, fora que para mim no plano prático eu mesmo eliminaria todo o processo de criação do semestre, suas idas e vindas a universidade, pesquisas, discussões, festas e reuniões. Naquele momento de preocupação e certa angustia, buscava meios de contornar a situação, pois estudar como aluno regular proporciona alguns benefícios, já que hoje arcar com as despesas durante este processo é delicado, são diferentes demandas, mas em geral o que “pesa” no bolso é o transporte, alimentação, cópia de livros, os cafezinhos e também as festas, que são momentos de quebra da rotina. Todo este processo para mim foi um vórtice ao redor de si mesmo. De se aventurar em questões das quais não havia me deparado. Um susto. Uma descoberta, momentos de reflexões os quais aos poucos fui saindo do abismo ao qual me encontrara.

Cursar ou não cursar a disciplina.

Dentre as estruturas pensadas sobre este abismo, estava a possibilidade de aprofundar e alinhavar um projeto de mestrado ainda para este semestre. Durante esta metamorfose, me sentira fora, distante do chão, tal qual um estrangeiro ao traçar para a linguagem uma espécie de linha de fuga. Como uma boia em meio ao oceano, em uma noite sem luar, no obscuro sem solides; e mais um movimento para cá, para acola, buscava o impulso para se apoiar, ter uma base onde se ancorar. Aqui, o ego pode ser estimulado e ao mesmo tempo esmagado. Após remadas e mais remadas, vagava no destino do vento, com os braços adormecidos e as mãos paralizadas. Encontrara-me com o corpo imerso, travado, como percorrendo para algum lugar sem nunca chegar.


Alguns dias se passaram,
então,
decido em cursar a disciplina como ouvinte.

Semanas antes de iniciar as aulas, pesquisei alguns textos do filósofo que iríamos estudar. Busquei dentre os campos da filosofia, me situar em meios e técnicas do pensador, para com isso, me orientar e sintonizar nos conteúdos ministrados em aulas.
As questões que levantara nesses questionamentos permeavam em qual importância que as imagens tiveram nas questões de crença, ao longo da história? Como localizar o momento em que a situação se constrói? Como entender o pensamento bruto do filósofo? Qual é a ideia central em que se agarra?

Foram momentos distintos de primeiro conhecer suas ideias, passando por um processo de compreender e buscar formas de expressar essas vivencia.
O que nos auxiliou para a busca de conhecer tais pensamentos, foi à utilização da linguagem, seja ela a língua falada, a escrita ou imagética, as quais criaram correlações de mapeamento do pensamento. As palavras nos deram sustentação da forma de organização e percepção dos nexos de entendimento das significações percorridas pelos nossos intelectos, os quais recebem continuamente informações dos sentidos, alimentando os fenômenos da realidade. Este caminhar retido por nós através da linguagem possibilitou que o seu processamento fossem transformados em palavras. O que existia antes de iniciarmos a pesquisa, não existe mais, o vazio primordial da qual ele se retinha, se superou, dando vazão a novas percepções criadas através do processamento organizado e estruturado, criando uma nova cognição.


Trabalho apresentado em 08 de Dezembro / 2012

 


Ato 2. 

Traduções entre as línguas 

 Toda história do homem sobre a Terra, constitui um permanente esforço de criação e comunicação. Desde que os homens passaram a viver em sociedade, o nível de progressos nas sociedades humanas pode ser atribuído, à maior ou menor capacidade de criação e comunicação entre os povos.
A linguagem é um recurso de comunicação próprio do homem que evolui e continua a evoluir em ritmo constante. As pessoas se comunicam em todos os momentos, nas diferentes situações e das mais diversas formas. A escrita admitiu sua disseminação pelo transporte, facultando a comunicação à distância, nascendo assim o primeiro meio de comunicação de massa, a tipografia, entenda-se como a técnica de imprimir sinais gráficos. Variadíssimas foram os meios empregados para a fixação dos sinais gráficos: pedra, madeira, conchas, barro cozido, metais, ossos de animais, cascas e folhas de arvores, talos de bambu, papel, etc.

Na antiguidade e na idade média, o homem toma contato com o fenômeno elétrico, a eletricidade. Uma notícia, que 1830, eram transportadas à velocidade do cavalo, pode hoje, saltar oceanos e continentes com a rapidez da luz.


Ato 3. 

Mundo inventado – Mundo recebido 

                                                                                       O ser humano é um interprete do mundo 
                                                                                                                                  Vilém Flusser 

Vilém Flusser, nascido em Praga no ano de 1920, migra para o Brasil em 1940 constituindo família e carreira. Flusser foi considerado um dos primeiros filósofos brasileiros, pesquisando e escrevendo sobre a filosofia da linguagem. Para o autor o pensamento é feito de palavras e imagens, construindo o conhecimento estruturado a partir de códigos e percepções adquiridas pelo ser humano ao longo de sua existência. Segundo Flusser a língua é capaz de fazer visível a captação do real. A língua seria um espelho do comportamento das coisas entre si, sendo assim descontínuas, ela não possibilita esboçar um pensamento linear, possível de ser entendido da forma usual, estrutural de um texto, portanto a realidade é considerado uma língua, e tudo o que conseguimos reter através da língua é a realidade.

Em seu livro Língua e Realidade, Flusser nos aponta que “somos que pequenos portões, pelos quais ela passa para depois continuar seu avanço rumo ao desconhecido. Mas, no momento de sua passagem pelo nosso pequeno portão, sentimos poder utilizá-la. Podemos reagrupar os elementos da língua, podemos formular e articular pensamentos. As palavras são feitas de letras, as quais na junção de diversas letras se constroem significados, os mesmos quando articulados se formam textos, gerando inicialmente a comunicação para o nosso “eu” e consequentemente para o outro. Somos assim, moldados pela língua, desde o nosso nascimento crescemos instruídos nos ambientes operacionais, os quais nos colocam a forma como devemos nos relacionar, transitando por um processo de organização dos nexos de entendimento que regem nos espaços comunicacionais exercidos cotidianamente pela nossa organização social.

As palavras tem como finalidade um principio de ordem gerando através de seu processamento redes de comunicação. A potencia do ser nesse processamento possibiliria se mover e criar as probabilidades de um novo mundo, onde a imaginação partiria das energias acumuladas por cada ser através da natureza, seus instintos, vivencias articuladas e inarticuladas, impressões, reflexões, devaneios, fluxos de pensamento e dezenas de outras sensações e sentidos tanto histórico quanto existencial, essas passagens são essenciais no processamento dos nexos de entendimento de um determinado fenômeno da realidade. O cérebro chega a este fenômeno gerando na imaginação nossos instintos da criação, permitindo através da pré-visão estender nossas capacidades de criação gerando a nossa necessidade de criar mundos.


Ato 4.

Tudo pode ser duvidado, inclusive a própria duvida. 

Para Flusser a vida constitui uma interminável viagem em busca de diferentes alvos, mas, cada alvo significa apenas uma estação intermediária, a partir da qual se partirá, depois, em busca de novas metas. Em sua totalidade, “a viagem é um método sem finalidade”.
Foram dezenas de textos os quais buscava para entender tais questionamentos, um dos textos pesquisados expunha a ideia de tempo, e tem como título, O Tempo e como ele Acabará, neste texto publicado originalmente em “O Estado de São Paulo”, em 1962, Flusser o inicia com uma pergunta, “O que é o tempo?” um questionamento “talvez” simples, mas que se formos pensar ao longo da história foram diversos filósofos que buscaram respostas a tais questionamento, pois em cada período histórico se tem um pensamento sobre o tempo, mesmo sabendo que não se admite respostas.
Dentre os pensadores que se debruçaram sobre o tema, temos Kant, que define o tempo como uma das formas pelas quais a razão conhece a "coisa em si". A schopenhaueriana, que considera o tempo como manifestação da vontade. A bergsoniana, que aceita o tempo como o princípio criador, em contraste com a "duração" destruidora. A heideggeriana, que interpreta o tempo como a maneira pela qual a existência se impõe, transformando coisas em instrumentos. As perguntas e questionamentos sobre o tempo parecem mais do que nunca no mundo atual, moldar e criar realidades distintas, pois, o tempo cria o fenômeno da realidade, possibilitando a fluição dos fluxos inexorável do tempo que através da retenção (passado, presente, futuro) representamos a fatiga realidade. É a partir dele, do tempo, que criamos valores, hábitos e costumes, estabelecendo novos padrões de organicidade cada vez mais complexos em relação aos movimentos de estruturação da sociedade. A materialidade que manifesta neste percurso de entendimento de como o pensamento pensa é bruta, devida as suas sucessivas rupturas, assim como o tempo histórico de nossos antepassados, gerando as sensações de distintos momentos de abismo ao longo da história da humanidade. Os dados brutos são manifestação fenomênica da realidade, nossos atos, alimentado pela matéria, as quais dialogamos e observamos diariamente. Retida. Processada e transformas em palavras.

Em seu livro O Mundo Codificado: por uma filosofia do design e da comunicação, Flusser nos aponta que “um código é um sistema de símbolos. Seu objetivo é possibilitar a comunicação entre os homens. Como os símbolos são fenômenos que substituem (significam) outros fenômenos, a comunicação é, portanto, uma substituição: ela substitui a vivencia daquilo a que se refere. Os saltos de um comportamento para outro, de um conhecimento para outro, desafia as situações corriqueiras, para Flusser essa passagem cria no intelecto a sensação de realidade, uma certa angustia existencial, que aos poucos será suprimida pelo ato de criação. Flusser busca no ato de criação e coloca que toda invenção e criação é arte. E admite que o homem diante do abismo é criativo. Ao tentarmos nos aproximar desse abismo cairíamos ao nada, que para Flusser é o superconcerto do indizível, ele não pode organizar o consciente, não nos sustenta, não temos pé para alcança-los. A possibilidade de não termos mais o nexo, o indizível se concretizaria. Mas se pensarmos o contrário do indizível, através de um objeto o qual é criado um significado, partiríamos para o plano do dizível, possível de ser explicado. Tentaremos então, pensar este raciocínio utilizando como objetos espelhos e janelas.
Estamos diariamente cercados de espelhos e janelas. A janela é a descontinuidade na opacidade da parede. São campos de visão. Nunca habitamos o mesmo espaço. Assim vemos por ângulos diferentes um do outro. Permitindo a ampliação da percepção dos diferentes ângulos de um mesmo objeto. Já no espelho não é possível ver além da imagem refletida. As representações são opacas, onde as janelas significariam o além do espelho. A partir da forma que tem a janela, nos possibilita ver através de recortes uma imagem construída pelo ângulo o qual esta se olhando (janela) determinando as características materiais do que é possível ver, pelo fato do formato construído, condicionado no formato de determinado jeito e não de outro, causando assim as diferentes percepções do visto.




Processo de Criação – Trabalho Prático

 Do roteiro

Investigaremos para a criação do roteiro cinematográfico, os conceitos do Livro Vamyroteuthis Infernalis, publicado em alemão em 1987. Escrito por Vilém Flusser e o biólogo Louis Bec. O livro fala de uma espécie rara do gênero octopoda, que pode chegar a 20 metros de diâmetro, e que vive em regiões abissais do Mar da China. Ele serve aos autores para construir uma sofisticada fábula filosófica. Com base em seu pensamento e conceitos levantados ao longo do livro, buscaremos perguntas para elaboração e estruturação do trabalho prático.
Para Flusser o Vamyroteuthis não nos é estranho, ele e nós somos variações do mesmo jogo combinatório genético da programação terrestre, a mesma estrutura fundamental dos corpos. Há traços nele da nossa própria existência (nós vertebrados). Ele é criticado por Flusser do ponto de vista do molusco. O autor o compara ao ser humano em sua diferença e complexidade radical, desde seu esqueleto da coluna vertebral.

O Vamyroteuthis é um organismo que espelha o abismo. E o abismo espelha seu organismo, o abismo para Flusser esta presente desde o nascimento da linguagem, transitando e interpenetrando no próprio objeto refletido.
A ida ao abismo para Flusser é o ir além, o salto, a superação, é o que constrói a natureza de sua filosofia. Essa fábula do ser que habita ao abismo, o orgasmo, são as espinhas centrais de seu pensamento. Ele utiliza a fabula para expor seu pensamento filosófico. O Vampyroteuthis é a extensão retorcida, sustentado por conchas, ele vive em uma contemplação de vertigem.


Do processo 

Vazio ativado

 E-mail enviado a Saray em nov. 2012

Pesquisei agora pela manhã um esboço de texto que quero apresentar como trabalho escrito, ele ta ainda em gestação, mas tentei focá-lo também no trabalho prático, onde busco descrever algumas situações. Esbocei nessas considerações os assuntos e situações que vivenciamos ao longo deste semestre. Espero poder contribuir, ciente também que sou um iniciante na escrita, podendo haver ao longo do texto erros nas palavras e no pensamento. A proposta do texto é mergulhar neste processo de criação como que buscando as margens do outro lado do rio das conversações levantadas a partir da disciplina cursada, a fim de atrair e ser atraído ao grande rio do indizível.

Com a retenção do pensamento partimos para o plano do dizível, possível de ser explicado.

Onde se realiza toda a experiência humana?
Toda alegria e toda a tragédia
Todo ódio e toda a paixão
Todo amor, todo perdão.
A sabedoria e a ignorância
Toda a verdade e toda a mentira
 Nossas crenças e negações
Todo o sentido da vida

 Em base nessas descrições e as quais nos acompanharam ao longo do semestre, levanto alguns questionamentos a partir de nossas vivencias de diálogo, discussões e propostas: - Compartilhar a memória (entrevista) depoimentos..entrelaçados...afim de buscar os abismo conscientes e inconscientes. Retirar a fluidez da realidade.

 Em seu livro Linguagem Total: Uma pedagogia dos meios de comunicação, Guitierre em sua analise sobre a comunicação nos coloca, A linguagem escrita é um instrumento maravilhoso para forjar o pensamento, servindo do saber humano. Pode-se afirmar que a escrita é o instrumento privilegiado da inteligência. Esta critica que o autor coloca, pode de muito contribuir no processo de elaboração das perguntas, pois como já havíamos conversado sobre as entrevistas, em relação ao que buscaremos levantamos o questionamento de que aproximássemos de situações não corriqueiras em que os entrevistados talvez teriam uma resposta pronta, mas sim provocar seus abismos e esperanças em um “talvez” despertar interior, em algo que nunca se pensou em pensar ou dizer, o que seria difícil, mas um desafio para nós...

A partir destes questionamentos, como utilizar os conceitos do Vamyroteuthis para elaboração do trabalho prático? Categoria distante, desconhecida. Tensão do conhecimento o Vampyroteuthis faz parte de um lugar abissal. Flusser faz com que sentíssemos um sentimento de nojo. Este nojo é colocado num sentido de ira, este contato refere-se a tensão do conhecido e desconhecido, o que não escapa de nossa própria natureza. (seguindo estas pistas, utilizei das estruturação das palavras não mais escritas a caneta, como lhe mostrei a ultima aula, mas dos códigos embutidos nos computadores através do teclado,
então digito e ficou assim:

O Vamyroteuthis como lado escuro ou claro? (entrevistador-poderíamos variar, não só no ato das entrevistas, mas na captação das imagens e sons)
O entrevistado como lado claro(br.) e vise e versa

Buscar as camadas internas dos entrevistados.
Buscar abrir os portais adormecidos embutidos na realidade? Mas como?
Transformar as linhas em raios dispersos. Decodificação. Semelhança. Pontos em linhas: perspectivas. Desconstrução. Dis-técnico. Dominar os códigos. Abstração. Natural-mente.

A fluição das entrevistas como destinos...

 Em seu livro A técnica da comunicação humana, Witaker Penteado descreve a oposição entre escrever e falar e nos coloca que, “são técnicas diferentes, porque a escrita é mais elaborada. A transcrição fonética, por mais perfeita que seja, não consegue impregnar a palavra escrita com o colorido da palavra falada. Não se escreve como se fala, pois faltam sinais capazes de traduzir a riqueza da linguagem falada onde se usam também os recursos corporais (PENTEADO, 1987, p. 219)

Com base nesta observações de Penteado, como criarmos as formas de contato, diálogo e perguntas nos Entrevistados?


O roteiro 

Ao esboçarmos ideias do roteiro, discutimos possíveis formas de abordar as pessoas nas ruas. Então elaboramos perguntas que buscava despertar ou provocar nos entrevistados questões não corriqueiras de suas vidas, desde assuntos sobre trabalho, família, felicidade, até questões mais existenciais. Após as primeiras ideias sobre as perguntas, eu e Saray na companhia de um café na lanchonete do Ifch, discutíamos sobre as filmagens. Imagens porvir Linha continua e descontinua - fragmentação Reminiscencia – Luz Reflexo – espelho Mover da água – movimento Lua – para além Formiga – massas Debatíamos lugares, cenas para captação das imagens. Então dois amigos do curso de filosofia param na mesa e nos cumprimenta. Sentam e começamos a discutir, aos poucos foram se introduzindo junto a nós ao trabalho. Questões filosóficas, cientificas e artísticas foram levantadas. Uma delas falava das origens do pensamento filosófico perguntadas por Platão, e que ainda hoje é considerada como as principais perguntas da filosofia:

O que é o belo? O mal? E a Verdade? Perguntas que utilizamos como foco central ao pensar o processo e que nos orientou na codificação de estruturar e realizar o trabalho. Perguntas Quem é você? O que você deseja para o mundo? O que você precisa para ser feliz? Qual o significado da vida? A sociedade caminha para um mundo melhor? O que te poderia te prejudicar? Você acha que o presente é melhor que o passado? O que é para você uma mãe? O que é ser um filho? Como você construiria uma sociedade? O Que é o mundo? Você acredita que o mundo pode ser manipulado? O que é a liberdade? Você acha que existe outra realidade além desta? Você acredita no destino? Temos liberdade em nossas escolhas? O que é o bem? O que é a verdade? O Que é o espirito? O que é a alma? O que é o universo? O que tem para além disto?

 Estas foram partes das questões levantadas, a partir delas selecionamos algumas e elaboramos as perguntas conforme o movimento das respostas dos entrevistados, sempre iniciando a entrevista com a pergunta: quem é você? Após a elaboração do roteiro. Realizamos três entrevistas com alunos da Unicamp, com o intuito de nos aproximarmos de como seriam as respostas dos entrevistados. Nas leituras das respostas, observamos que as perguntas quando respondidas, expressavam pensamentos já formados, o que não era nossa proposta. Então, decidimos entrevistar pessoas que teriam resposta, a princípio do senso comum, sem uma ideia pré-estabelecida sobre as perguntadas, algo inimaginável, ou desconhecido. Optamos então, realizar as entrevistas no centro de uma das maiores cidades da América latina, São Paulo.



São Paulo é o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul. Fundada em 1554 por padres jesuítas, a cidade é mundialmente conhecida e exerce significativa influência nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. São Paulo é a sexta cidade mais populosa do planeta e sua região metropolitana, com 19.223.897 habitantes. O nome São Paulo foi escolhido porque o dia da fundação do colégio foi 25 de janeiro, mesmo dia no qual a Igreja Católica celebra a conversão do apóstolo Paulo de Tarso. Após a Independência do Brasil, ocorrida onde hoje fica o Monumento do Ipiranga, São Paulo recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por Dom Pedro I do Brasil em 1823. São Paulo é a cidade mais multicultural do Brasil e uma das mais diversas do mundo. Desde 1870, aproximadamente 2,3 milhões de imigrantes chegaram ao estado, vindos de todas as partes do mundo. Atualmente, é a cidade com as maiores populações de origens étnicas italiana, portuguesa, japonesa, espanhola, libanesa e árabe fora de seus países respectivos, e com o maior contingente de nordestinos fora do Nordeste.



Por ter esta riqueza e diversidade cultural, e todos os desafios que a cidade enfrentou e vem enfrentando na busca de desenvolvimento sociais, culturais, e financeiros, a cidade permite que diferentes realidades sejam construídas, já que a cidade em seus 458 anos é ainda bem jovem se compararmos ao tempo histórico das diferentes cidades principalmente na Europa e Oriente Médio.




Como o pensar pensa? Criar realidade dentro dessa realidade caótica A ordem é reduzir a imprevisibilidade. Todo pensamento é fingimento A poesia é a fonte da palavra Qual o momento que a consciência surge no ser?


  A Prática





A língua falada, escrita e imagética – correlações de mapeamento. As palavras tem um vinculo com a existência. Formas de conexões e organizações. Como se constrói o significado? Como se constrói a camada de comunicabilidade entre as palavras e imagens através da voz? Como base nestas questões e reflexões o documentário percorre uma tarde no centro da cidade de São Paulo em busca de perguntas e respostas sobre o mundo, o outro e nós mesmo.










Após a captação das entrevistas, buscamos elaborar um fluxo de acontecimentos, improvisos e duvidas. Para assim esboçarmos uma ideia de como criaríamos a narrativa. Num primeiro momento da decupagem das imagens, fomos construindo a partir dos dados brutos, e com isso elaborando blocos de sequencias que não formavam uma linearidade, mas que buscava um sentido de uma pergunta a outra, então, organizamos este blocos por temas (Quem é você? O que é o Universo?) o que nos proporcionou estruturar no decorrer da decupagem, uma narrativa. Percebemos que quando fazíamos as perguntas, os entrevistados se expressavam com gestos curiosos e duvidosos, o que gerou na montagem desses gestos, junto a música, uma narrativa do silêncio, algo surpreendente para nós, já que na montagem final, estes gestos foram importantes para construirmos a dramaturgia.

Imaginação, necessidade de prever, imaginar situações.

E-mail para Saray:

 Oeee, Tudo bem? Envio o link de nosso trabalho, ainda com aquela questão do título; esta dificuldade de criarmos um nome, mostra o quanto estamos sendo atingido pelo processo de criação. Algo semelhante aconteceu com a escritora Clarissa Lispector, ao tentar nomear seus desejos, caiu também neste enorme abismo e escreveu “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”... Podemos pensar em algo próximo a inexistência das coisas, ou a sua não visibilidade e materialidade...algo que conversamos ontem que chegaria próximo ao vento, suas passagens e percursos...não saber ainda... vamos conversando sobre, e se acharmos algo podemos incrementar na finalização da montagem, que por sinal, após um breve distanciamento de nossa maratona de trabalho, hoje o assisti e gostei bastante como um todo...mas fica aberto para os ajustes.... A partir daquela ultima conversa de ontem, fiz aquelas mudanças

 Veja ai o que acha: http://www.youtube.com/watch?v=BCxSsHvkMN8&feature=youtu.be



E-mail de Saray:
 Marcelo!! achei aqui umas mudanças...
1. a passagem do homem da poesia quando esta se apresentando
2.tirar as perguntas que repetem e começar já com o cara do boné amarelo
3. Ajustar as entradas da musica do céu e do reflexo
4. Cortar na parte que a mulher de cabelo preto fala: uma ração de ser...
5. Eu tiraria ao bruno da primeira parte... Quando ele fala: conscientização do mundo
6. Depois da mina falando: deus é o universo... Colocar aquele cara que fala: todo o que se pode ver e ouvir falar... e ai depois a mulher que diz : me arrepia.... Depois o cara da poesia falando outras realidades e acabamos com o bruno... que vc acha??
7. Deixaria um pouco mais tempos os vídeos dos gestos das pessoas....esperando mesmo o tempo da musica.... ( mas isso podemos fazer tbm depois)
8. Trocaria a ultima imagem da lua, que vem depois do vento, por a outra imagem do zoom da lua... Sabe qual?? y tentaria meio que parar a imagem da lua antes da terra aparecer...



E-mail encaminhado a Saray:
 Oee, to aqui fazendo algumas montagens... O texto é de Manoel de Barros, que cito no trabalho escrito. Saio daqui a pouco p o centro, quando voltar, finalizarei o vídeo... Se tiver mais alguns apontamentos, me envie...




Após este e-mail encaminhado a Saray, e também assistir as imagens que havia captado no lago ao lado da Unicamp, surge um outro documentário, o qual foram utilizados textos e poesias do poeta brasileiro Manuel de Barros. Encantamento. Ilusão reinventar. Abordagem dispersa em conflito...




Formas expressiva/movimento Estado ontologicamente inconcebível de suspenso do pensamento. Para Flusser a tradução dialoga com as fronteiras do conhecimento, assim como da literatura para o cinema ou, do cinema para a literatura, em resumo, de linguagem para linguagem. Há também na tradução uma interpretação. O que eu trago para mim do que não é meu? Como se apropriar? Tudo o que existe em nosso cotidiano, são fragmentos de realidade, as quais somos usuários.



As conexões. Passagens. As divergências são um exercício de apreensão da realidade, a fim de ser afetado através dos sentidos, buscando no intelecto como ele pensa. Assim como as palavras são organizadas em frases, os pensamentos são expelidos na direção dos sentidos.



Onde surgiu esse cérebro que anseia por conhecimento? Como é esse ser? Quais atitudes e Comportamentos? Qual a natureza do pensamento? Mediação da palavra, Maquinaria de movimento a fim de organizar o pensamento. O passado é inalcançável. A realidade é inalcançável. A contorção é violenta.



“(…) E, aquele Que não morou nunca em seus próprios abismos Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas Não foi marcado. Não será exposto Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”



O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.

De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos.





Venha ser o Fluxo Percepção interna a qual permite com que o entendimento e a interação do cérebro se relacionem em diferentes formas de contato e diálogo. O mundo inventado – Mundo recebido Duvido que duvido Tudo pode ser duvidado, inclusive a própria duvida Indizível, inarticulável, coisa em si, de luto, diferente, o não eu , espirito, sujeito, eu


 




Capas











Leituras

 FLUSSER, Villém. O Mundo Codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. Organização Rafael Cardose. Tradução: Raquel Abi-sâmara. São Paulo: Ed. Cosaic Naify, 2007
_____________. Língua e Realidade. São Paulo: Ed. Herder, 1963 FLUSSER, Villém e BEC, Louis Vampyroteuthis Infernalis. São Paulo: Annablume, 2011
GUTIERREZ, Francisco P. Linguagem Total: Uma pedagogia dos meios de comunicação. 3ºed. São Paulo: Sumnus, 1978
PENTEADO, Witaker Jr. A técnica da comunicação humana. 10º ed. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1987

Sites:
http://textosdevilemflusser.blogspot.com.br/2008/08/do-tempo-e-como-ele-acabar.html Assado em 15 de Novembro de 2012

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) Acessado em, 11 de Dezembro de 2012